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Artigo historiográfico sobre a 1ª colônia militar de Ponta Porã no ano de 1876

Ponta Porã na Linha do tempo

Ponta Porã na Linha do tempo Pesquisador: Prof. Yhulds Giovani Bueno. Pós Graduado em Ensino de História e Geografia. UNIVALE Fac. Integradas do Vale do Ivaí. Mestrando PPGDRS/UEMS/UNIDADE PONTA PORÃ-MS.

16/07/2024 08h40
Por: Redação
Fonte:

INTRODUÇÃO:
DEMARCANDO AS FRONTEIRAS
A demarcação da fronteira da linha de limite do Brasil com o Paraguai se inicia no encontro do talvegue do rio Iguaçu com o álveo do rio Paraná, pelo qual sobe até encontrar a barragem da Hidrelétrica de Itaipu. “Neste trecho localizam-se as cidades de Foz do Iguaçu (BR) e Ciudad del Este (PY) ligadas pela Ponte da Amizade. Em ofício de 14 de novembro de 1874, enviado aos seus superiores, o coronel de engenheiros Rufino Enéas Gustavo Galvão comunica a conclusão da obra de delimitação da fronteira Brasil – Paraguai. “A extensão de 190 léguas da fronteira demarcada, está pouco conhecida, 80 de picadas abertas nas serras de Amambaí e Maracaju e nas cabeceiras do Apa para deslindar a questão de Estrela; a custosa navegação daquele rio e a do Alto Paraná, com os riscos que apresenta acima da foz do Iguaçu, podem dar uma ideia da perseverança da comissão e dos trabalhos com que lutou para efetuar esta demarcação”. Fonte:https://historiasdooeste.blogspot.com/2020/11/concluida-demarcacao-dafronteira.html?m=1

O Relatório dos Negócios Estrangeiros do Império, publicado em 1874 e que faz referência ao ano de 1872, inicia noticiando que “em janeiro de 1872 foram assignados em Assunção pelos plenipotenciarios do Brasil e do Paraguay quatro tratados: definitivo de paz, de limites, de criminosos e desertores e de amizade, comercio e navegação” (Relatório, 1874: 1). A nosso ver, o mapa organizado por Duarte da Ponte Ribeiro serve a esses fins, por explicitar em suas linhas, onde começava o território monárquico e acabava o paraguaio. Em nosso entendimento, o mapa acompanhou o controle das águas e das terras, daquelas terras aquosas durante boa parte do ano, muito antes que houvesse um mapa para usos diplomáticos que ajustassem os espólios territoriais da guerra.


CARTOGRAFIA SÉCULO XIX: NOVOS LIMITES TERRITORIAI

Artigo historiográfico sobre a 1ª colônia militar de  Ponta Porã no ano de 1876
Carta da fronteira do Império do Brasil com a República do Paraguay organizada pelo conselheiro Duarte da Ponte Ribeiro, 1872.
Publicado Manoel Fernandes de Sousa Netohttps://doi.org/10.4000/terrabrasilis.4862
Artigo historiográfico sobre a 1ª colônia militar de  Ponta Porã no ano de 1876
Carta da fronteira do Imperio do Brasil com a República do Paraguay organizada pelo conselheiro Duarte da Ponte Ribeiro, 1872.
Publicado: Manoel Fernandes de Sousa Neto https://doi.org/10.4000/terrabrasilis.4862
Artigo historiográfico sobre a 1ª colônia militar de  Ponta Porã no ano de 1876

Proposta a divisória dos territórios do Império e da Republica do Paraguai é assim descrita: “O território do Império do Brasil divide-se do da Republica do Paraguay pelo rio Paraná desde onde começam as possessões do Brasil, e por ele acima até a foz do Iguatemi, seguindo por este rio acima pelo galho principal (deixando ao Norte o seu confluente Escopil) até ás suas mais altas vertentes, e pela linha mais curta a procurar o alto da serra de Maracajú, que divide as águas do Paraná das do Paraguai. Segue pelos cumes da dita serra, sendo as vertentes de leste do Brasil, e as de oeste do Paraguai até chegar às primeiras vertentes do Apa; desce por este rio até a sua confluência com o Paraguai, desde a margem esquerda ou oriental pertence ao Brasil, e a direita ou ocidental à República do Paraguai”. (Relatório, comissão mista de limites).


INSTALAÇÃO DA COLONIA MILITAR DE PONTA PORÃ

Artigo historiográfico sobre a 1ª colônia militar de  Ponta Porã no ano de 1876

Recorte cartografia de 1876. Enunciado descrito no próprio mapa instalação da Colônia militar de Ponta Porã província de mato Grosso. Necessidade de estabelecer e manter protegidos os limites estabelecidos após o término do conflito. Este dado documental se evidencia no mapa do mesmo período nos pontos devidamente identificados como postos militares no contorno dos limites de fronteira totalizando (10) dez instalações, uma barreira de proteção contra possíveis invasões. No enunciado descrito no próprio mapa “um croqui da parte da província de Mato Grosso, imediata aos limites da República do Paraguai projetada para melhor inteligência de uma exposição que o acompanha”. Este croqui tem como base a cartografia realizada pelo Major Antonio Cespedes.

Artigo historiográfico sobre a 1ª colônia militar de  Ponta Porã no ano de 1876

Esboço realizado pelo Major Antônio Cespedes no pós-guerra da Triplece aliança ou Guerra do Paraguai. Neste breve esboço das estradas de Iguatemi a Panadero, Ponta Porã, Dourados e Miranda, Conceição, Belém-Cuê , Horqueta e Paguaty compreendendo, dos terrenos adjacentes, um traçado evidenciado dos caminhos que tinham em comum a bifurcação principal que se localiza Punta Porá (Ponta Porã). Sendo está a principal ligação entre estes caminhos dentro do território que faz fronteira. Todas as rotas das localidades mencionadas se cruzam, sendo este Ponto, um caminho estratégico que necessita de reflexão da necessidade de manter e fortalecer base para proteção.

Considerações.


Informações anteriores foram levadas em consideração para manter sobre vigia a região de
fronteira. No ano de 1777 quando uma expedição militar chegou a esta região, seu objetivo principal explorar o solo, conhecer e mapear de forma mais precisa a extensão e todas as riquezas que existiam na vasta região de fronteira, para após registrar e documentar poderiam ver sua dimensão com uma maior precisão, pois o fator que chamava a atenção o grande potencial na quantidade de matas e futuras terras para cultivo que esta região fronteiriça teria.
Um século depois, no ano de 1862 chegou o grupo do tenente militar Antônio João Ribeiro que tinha como objetivo fixar um forte na cabeceira do Rio Dourados, onde hoje é o município de Antônio João, erguendo ali a famosa Colônia Militar dos Dourados que foi destruída durante a guerra da tríplice aliança ficando este fato marcado na história. Um ponto estratégico por se uma cabeceira e de certo modo ponto de parada a viajantes, tropeiros e próprio exército para reabastecimento e descanso, uma rota cobiçada na época que gerou um dos estopins do conflito armado que se seguiu.
No decorrer da instalações da Colônia Militar de Ponta Porã muitos acontecimentos ainda estão arquivados, mas no ano de 1880 chega à região o senhor Alferes Nazareth, um militar que vem com a missão de comandante e ergue seu acampamento junto à lagoa do Paraguai (laguna Porã), neste local hoje é a cidade e Capital do Departamento de Amambai – PY Pedro Juan Caballero, o senhor Nazareth veio com sua esposa, fato este que gerou o nascimento do primeiro Pontaporanense fronteiriço (brasiguaio) de nome Boaventura
Nazareth, nascido segundo registro de historiadores, no dia 14 de julho de 1881, o mesmo só pode ser registrado no cartório de Nioaque a 250 km de distância de Ponta Porã, por ser lá o local com cartório mais próximo. Reis. Elpidio – Ponta Porã polca Churrasco e Chimarrão, p. 13.
Para tentar solucionar os problemas existentes na fronteira principalmente de segurança, no ano de 1897 chega a Ponta Porã o militar Francisco Marcos Tupy Serejo, sendo ele major do exército, um legitimo veterano da guerra da “Tríplice Aliança” ou “Guerra do Paraguai” ele fora incumbido de um destacamento neste período histórico.
Major Serejo dentro de suas atribuições estava à administração da Agência Fiscal, para que o mesmo se realiza a cobrança dos impostos devidos sobre a exportação da erva-mate para o Paraguai e impedir de
forma efetiva o contrabando na região de fronteira, este fato histórico fora publicado no livro de Elpídio Reis Polca, churrasco e chimarrão de 1981.
Segundo Pedro Ângelo da Rosa “1892 neste ano, chegava ao lugar onde hoje se ergue a cidade de Ponta Porã, o Capitão João Antônio da Trindade, natural da cidade do Rio de Janeiro, veterano da Guerra do Paraguai, que, acompanhado da sua família, aqui veio fixar residência”. (ROSA, 1922, p. 12).

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Imagem acervo Prof. Me.Yhulds Bueno. Capitão João Antônio da Trindade. primeiro
morador efetivo da região de Ponta Porã. Segundo informações de historiadores um dos heróis da retirada da Laguna, sendo o primeiro juiz de
paz de Ponta Porã, era considerado um dos homens mais cultos da região, morou na cidade
até seu falecimento em 11 de novembro de 1920.
Foto arquivo pessoal de Maria Guarani Kaiowá Barcellos

Este fato histórico também foi descrito no livro de Elpidio Reis Ponta Porã Polca Churrasco e
Chimarrão de 1981. Segundo sua narrativa: “Capitão João Antônio da Trindade herói
reconhecido a nível nacional principalmente por ter participado na campanha militar da Retirada da Laguna”. De acordo com o registro do historiador entre outros pesquisadores e escritores da época, existia fixo no local o posto fiscal, um destacamento aduaneiro sob a direção de Emílio Calháo, que tinha a incumbência de arrecadar tributos referentes à exploração de erva mate entre outras mercadorias.
Na virada do século em 10 de abril de 1900 através da resolução de nº 255, o Governo do Estado cria a Paróquia de Ponta Porã, sendo neste período nomeado o militar João Antônio da Trindade, capitão, o mesmo um dos heróis da “Retirada da Laguna”, exerceu a função que o cargo lhe atribuía por doze anos, tendo como escrivães, sucessores os cidadãos da época Orcílio Freire, Júlio Alfredo Mangini e Policarpo de Ávila.

Artigo historiográfico sobre a 1ª colônia militar de  Ponta Porã no ano de 1876
Na década de 40 a fronteira inaugura com muita festa e presença de autoridades locais a estrutura existente até os dias atuas do 11º RC imponente
e soberba com suas linhas arquitetônicas clássicas, eis que surge como um “príncipe” que irá servir de guardião para a “Princesinha dos Ervais”
Ponta Porã.

A instalação da Colonia Militar de Ponta Porã durante a reconstrução da Colonia Militar dos
Dourados no ano de 1876 se torna uma ação necessária e emblemática, pois nos anos
subsequentes várias outras intervenções militares ocorreram na região fronteiriça, ao certo a continuidade da C.M. de Ponta Porã com a chegada de novos militares, poderia esta ter por motivos estratégicos anexada aos comandos militares que chegavam com novas instruções e estratégias para fronteira. Mas o local da primeira Colônia Militar de Ponta Porã se tornaria as futuras instalações no início do século XX do 11 RC I Regimento de Cavalaria Independente, hoje Regimento de Cavalaria Mecanizada Marechal Dutra – 11RCMEC.


Fontes de Pesquisa:


Pesquisa: Prof. Me. Yhulds G. P. Bueno. 30 anos de atuação na docência da Rede Pública e Privada. Formado em Educação Física, Formação Pedagógica e Licenciatura em História. Mestre em Desenvolvimento Regional e de Sistemas Produtivos; Pós-graduado em Metodologia do Ensino de História e Geografia; Pós-graduado: Docência em
Biblioteconomia; Pós-graduado: Ensino de História. Membro associado e Presidente 2024/2025 do Rotary Club Ponta Porã Pedro Juan Caballero Guarani – Distrito 4470


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