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Itamaraty de Lula condena assassinato de líder do Hamas — mas não fez o mesmo com brasileiros vítimas do grupo terrorista

Em outubro do ano passado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil se limitou a registrar 'profundo pesar' pela morte de Ranani Glazer e Bruna Valeanu

Redação
Por: Redação Fonte: Revista Oeste
01/08/2024 às 11h32
Itamaraty de Lula condena assassinato de líder do Hamas — mas não fez o mesmo com brasileiros vítimas do grupo terrorista
Da esquerda para a direita: o chanceler Mauro Vieira, o presidente Lula e o assessor especial Celso Amorim. Itamaraty não define Hamas como grupo terrorista | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em 10 de outubro do ano passado, as autoridades israelenses confirmaram a morte de dois civis brasileiros: Bruna Valeanu e Ranani Glazer. Eles haviam sido sequestrados três dias antes por integrantes do Hamas. Ao se posicionar em relação à situação, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil se limitou a indicar “profundo pesar” — e não citou em nenhum momento o grupo terrorista como responsável pelos assassinatos. Nesta quarta-feira, 31, o Itamaraty teve postura diferente ao divulgar nota a respeito de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, que foi morto em Teerã, capital do Irã, horas antes. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de ressaltar que “condena veementemente o assassinato” do terrorista, além de registrar o “flagrante desrespeito à soberania e à integridade territorial” do país islâmico.

Até no tamanho dos comunicados, o MRE deu maior atenção à eliminação do líder de um grupo terrorista do que aos dois brasileiros raptados e, consequentemente, assassinados por membros do movimento extremista que tem como base a Faixa de Gaza. A soma das notas sobre Bruna e Glazer totaliza 136 palavras — sem condenar em momento algum os responsáveis pelos crimes. Sozinha, a manifestação referente a Haniyeh totaliza 208 palavras. Nesse caso, o Itamaraty lamentou o que classificou como “atos de violência”.

“Tais atos dificultam ainda mais as chances de solução política para o conflito em Gaza, ao impactarem negativamente as conversações que vinham ocorrendo para um cessar-fogo e a libertação dos reféns”, afirmou o governo Lula, sobre a morte do líder do Hamas e sem citar o fato de que a situação bélica teve início por causa do grupo terrorista, que, em 7 de outubro de 2023, invadiu o sul de Israel para sequestrar, estuprar e matar civis. Até hoje, mais de cem pessoas continuam em cativeiros espalhados por Gaza.

No comunicado em que lamenta a morte de um líder extremista, o Itamaraty cobrou pelo “cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza”. Na nota, o MRE não define o Hamas como grupo terrorista.

Mauro Vieira é o ministro à frente do Itamaraty desde o início do atual governo Lula, em janeiro de 2023. Ex-chanceler, Celso Amorim também integra o Poder Executivo federal. Ele é o chefe da Assessoria Especial do Presidente da República.

Íntegras das notas do Itamaraty

Leia, abaixo, as íntegras das três notas do MRE.

  • Assassinato do brasileiro Ranani Glazer — 10/10/2023, às 8h02

“Falecimento de cidadão brasileiro em Israel

O Governo brasileiro tomou conhecimento, com profundo pesar, do falecimento do cidadão brasileiro Ranani Nidejelski Glazer, natural do Rio Grande do Sul, vítima dos atentados ocorridos no último dia 7 de outubro, em Israel.

Ao solidarizar-se com a família, amigas e amigos de Ranani, o Governo brasileiro reitera seu absoluto repúdio a todos os atos de violência, sobretudo contra civis.”

  • Assassinato da brasileira Bruna Valeanu — 10/10/2023, às 15h16

“Morte de cidadã brasileira em Israel

O governo brasileiro lamenta e manifesta seu profundo pesar com a morte da cidadã brasileira Bruna Valeanu, de 24 anos, natural do Rio de Janeiro, segunda vítima dos atentados ocorridos no último dia 7 de outubro em Israel.

Ao solidarizar-se com a família, amigas e amigos de Bruna, o governo brasileiro reitera seu total repúdio a todos os atos de violência contra a população civil.”

  • Morte do terrorista palestino Ismail Haniyeh — 31/7/2024, às 13h09

“Assassinato do chefe do Escritório Político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã

O governo brasileiro condena veementemente o assassinato do chefe do Escritório Político do Hamas, Ismail Haniyeh, ocorrido hoje, 31/7, em Teerã.

O Brasil repudia o flagrante desrespeito à soberania e à integridade territorial do Irã, em clara violação aos princípios da Carta das Nações Unidas, e reafirma que atos de violência, sob qualquer motivação, não contribuem para a busca por estabilidade e paz duradouras no Oriente Médio. Tais atos dificultam ainda mais as chances de solução política para o conflito em Gaza, ao impactarem negativamente as conversações que vinham ocorrendo para um cessar-fogo e a libertação dos reféns.

O Brasil reitera o apelo a todos os atores para que exerçam máxima contenção, de modo a impedir que a região entre em conflito de grandes proporções e consequências imprevisíveis, às custas de vidas civis e inocentes, bem como exorta a comunidade internacional para que envide todos os esforços possíveis com vistas a promover o diálogo e conter o agravamento das hostilidades.

O governo brasileiro reitera que, para interromper a grave escalada de tensões no Oriente Médio, é essencial implementar cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, em cumprimento à Resolução 2735 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.”

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