SEDUTOR: Não por acaso são 6.771 candidatos a vereador no MS. Além do ‘status’ do cargo, o rendimento na capital é superior a R$ 50 mil (salário/verbas). No cargo, o titular ainda pode indicar amigos para a prefeitura, prática usual vista com naturalidade, independentemente das divergências partidárias. (Lei de São Francisco de Assis).
TENTATIVA: Essa gama de vantagens atrai inclusive políticos conhecidos que já ocuparam ou disputaram outros cargos. Casos do ex-prefeito Marquinhos Trad, ex-deputado Picarelli, ex-juiz Odilon, ex-candidata ao Governo Gisele Marques, ex-deputados Rafael Tavares, Tio Truts, Graziela Machado e Herculano Borges.
CENÁRIO: Em relação a 2020, as siglas cresceram ou encolheram. PL saltou de 128 candidatos a vereança para 665; PP pulou de 348 para 842; PT foi de 551 para 563. O PSDB caiu de 1.134 candidatos para 939; MDB foi de 885 para 650; PSD caiu de 757 para 483; PDT – de 553 para 231; União Brasil – de 1.225 para 576 candidatos em 2024.
METAMORFOSES: Existem na política em decorrência de fatos e interesses que envolvem a disputa pelo poder. Tudo isso mexe com o tabuleiro nacional e reflete na realidade dos estados e cidades. Aqui não tem sido diferente. Já se antevê, por exemplo, a união de lideranças do centro e direita mirando as eleições de 2026. Nada é por acaso.
ESPAÇOS: ‘Quem vai ao ar – perde o lugar’. ‘Quem vai ao vento – perde o assento’. Frases que se aplicam à ex-senadora e atual ministra Simone Tebet (MDB) e quanto às suas pretensões voltadas às eleições de 2026. Se o quadro de 2025 depende também deste pleito municipal, é difícil definir agora as ‘figuras’ do tabuleiro para 2026.
PASSAR O PANO: Rejeitando a disputa para a Câmara Federal e congestionados os caminhos ao Senado (Reinaldo, Nelsinho e Vander), restaria à Simone aderir ao manto da humildade e tentar a Assembleia. Apesar de declarações em contrário, ainda há um processo conciliador para digerir as mágoas entre ela e Puccinelli. ‘Sem memória’ – preconiza a política.
PROBLEMAS: Qual a estratégia de Simone para tentar se reinserir no quadro local? Melhorar o prestígio no Planalto colocando suas digitais em sonhadas conquistas para o MS? A volta da ferrovia (ex-NOB), a conclusão da Usina de Fertilizantes e da BR-163, a duplicação da BR-262, a solução dos conflitos agrários seriam a saída dela?
O PREÇO: A postura de Simone nas últimas eleições presidenciais não foi digerida. Mas não há pesquisas sobre a posição do eleitor. Lá atrás ela admitiu saber do desgaste eleitoral no estado. Ela continuaria no MDB? Ingressaria noutra agremiação do centro? Como ficariam suas relações com o PT de Zeca e Lula? Há espaço no PT para Simone?
PREVISÕES: Se vitorioso seu projeto eleitoral, Reinaldo Azambuja dará de vez as cartas para 2026. Alguma dúvida? O jogo (pesado) está sendo jogado. Em janeiro o governador Riedel já começa a trabalhar para sua reeleição - paralelamente às ações de Reinaldo, o grande articulador nestas eleições na capital e por todo o interior.
QUE FASE! O MDB ‘pediu concordata’. Puccinelli recuou na capital e no interior a sigla está fragilizada. Veja: Rio Brilhante (27 mil eleitores) é hoje sua maior referência. O quadro diminuto de prefeitos e vereadores reflete a situação do partido, agora sem representantes no Senado/Câmara e o cofre vazio para fazer campanha. Quem diria!
A MÚSICA: “ ( )...Vendeu o voto e a alma pro diabo/E agora não adianta ficar bravo/É Deus por nós e cada um por si/Pode parar com o choro e o mi mi mi/ Trocou hospitais pelos estádios/Você trocou Jesus por Barrabás/Sem mais/Cuidado que eles passam só de 4 em 4 anos/E o resto do tempo eles ficam planejando...( ) ...” (Cantor Eduardo Costa)
FRANCAMENTE: Parafusar as cadeiras para evitar a repetição da cena protagonizada pelo Datena dará aparência de civilidade nos próximos debates. Mas convenhamos, ainda assim há riscos de facadas e tiros. Esse episódio lembra aquela piada onde o ‘indignado’ marido traído retira o sofá da sala e a vida continua como antes.
CAPITAL: Ir ao 2º turno é o sonho de todos candidatos. Os números contraditórios das mais diferentes pesquisas provocam dúvidas até dos eleitores abalizados. Pelo material disponível nas redes sociais e nas propagandas, há uma tendência de se levar o debate para o campo das ideologias (direita e esquerda). Difícil avaliar essa manobra.
DISCURSOS: Percebe-se que os programas eleitorais vão deixando as sutilezas de bom nível para adotar novos apelos carregados e mais diretos. Os profissionais que cuidam da comunicação das campanhas vão usando novas linguagens e roupagens. Detalhes e frases podem ajudar a fazer a diferença aos olhos do pessoal do sofá.
PESQUISAS: Se Rose continua na ‘pole’, Beto e Adriane disputam um lugar para o 2º turno. Impressiona até aqui o número de eleitores indecisos, levando-se em conta que as eleições paroquiais são carregadas de motivações especiais. Ainda: acho que o excesso de rigor da Justiça Eleitoral ajuda a tirar o brilho desta campanha. Nada pode!?
VOTO DO ASSESSOR! Nos bastidores de entrevista ao vivo em TV local, candidato a prefeito estava tão ávido por pedir votos da moçada no estúdio que acabou abordando o seu próprio funcionário. “Cara, sou seu assessor”, informou o rapaz surpreso. “Então, está tudo certo”, devolveu o candidato, provocando boas risadas no ambiente.
REFERÊNCIA: Professor do ensino fundamental, especialista em ‘Libras’, Samuel Surdo (PP) tenta de novo a vereança na capital. Defende a adoção do sistema libras no atendimento em hospitais, escolas, bombeiros e Delegacias de Polícia. Anote: são 12 milhões de deficientes brasileiros enfrentando situações difíceis no dia a dia.
BICOS: A reclamação é de vários segmentos dependentes de gente para funcionar. É que com as eleições surgem as vagas de cabos eleitorais - onde o ganho varia muito, dependendo do bolso dos candidatos a prefeito e postulantes à vereança. Portanto, a normalização da mão de obra só após o 2º turno. Esse é o Brasil ‘enfumaçado’.