EQUÍVOCOS: É natural o questionamento das causas da derrota de Beto Pereira (PSDB), sem tirar o notório mérito de Adriane (PP) e Rose (União Brasil). No saguão da Assembleia, o assunto foi o prato da semana. Os pontos de vista coincidiram, e o fator "salto alto" de Beto foi unanimidade. Interpretaremos aqui as opiniões de deputados, assessores e jornalistas.
A PRIMEIRA: Os postulantes (prefeito e vice) eram os que mais aglutinariam apoio popular? O deputado Beto foi escolhido sob qual critério? A mesma pergunta é em relação ao nome da vice, Neidy, que pouco acrescentou. Há quem diga que o secretário Jaime Verruck teria sido o nome ideal, pela sua imagem como gestor técnico, sem críticas que arranhassem seu currículo.
SEGUNDA: Se na política a versão vale mais que o fato, o candidato Beto falhou na tentativa de desqualificar as notícias envolvendo sua gestão em Terenos e aquelas de supostos fatos no Detran em seu proveito. Pelas matérias de sua defesa, as névoas no imaginário fértil ou maldoso influenciaram parte do eleitorado indeciso. Visível o desgaste.
TERCEIRA: A busca obstinada pelo apoio do ex-presidente Bolsonaro para aglutinar líderes locais do Partido Liberal (PL) não rendeu os frutos desejados. Bolsonaro não compareceu e até no programa eleitoral ficou patente o desconforto e desalinhamento entre os candidatos das duas siglas. Portanto, a tentativa de alinhar o PSDB ao PL não convenceu. Um bumerangue.
QUARTA: O candidato Beto – com maior tempo de propaganda, pôde alongar suas exposições sobre seu projeto de governo. Mas exagerou na dose e na abordagem. Comparável a um personagem (herói de quadrinhos) que tudo pode e resolve no estalar de dedos. Naturalmente, o eleitor deve ter ficado desconfiado e foi ficando com o “pé atrás”. Promessas demais...
QUINTA: As participações de outras lideranças notáveis no horário eleitoral foram incipientes e raras ao longo da programação. Caso específico do governador Riedel que, ao seu estilo sóbrio e técnico, limitou-se, educadamente, a pedir o voto para Beto Pereira. Pelo teor do texto e sua interpretação linear, pode não ter sensibilizado o eleitorado.
SEXTA: A participação do ex-governador Puccinelli (MDB) rendeu críticas. Uns entendem que foram inoportunas suas declarações ainda lá no lançamento da candidatura tucana, quando se declarou o “padrinho político de Beto”. Outro fato emblemático foi o vômito dele, André, em seu discurso no evento. Um coadjuvante em baixa tentando virar protagonista.
SÉTIMA: “Diga-me com quem andas...” - Apesar do apoio declarado de Puccinelli, Beto pecou ao criticar a chamada “política velha”, postando-se como símbolo da renovação. Mas ele esqueceu que é fruto da política antiga; pelo fato de ser descendente do fundador da capital, do avô ex-prefeito de Terenos e do seu pai – deputado, secretário de estado e senador.
ARREMATE: Beto tem seus méritos. É novo, já percorreu parte do caminho, mas precisa adotar a humildade, ouvir e repensar as relações para caminhar com luz própria. Se a vida é um aprendizado, que ele assimile essa derrota e a tome como lição valiosa. Figuras históricas assim agiram após cometerem equívocos e depois acabaram vencedores. Faça isso!
DROPS POLÍTICOS:
Deputado Gerson Claro (PP): Homenageado pelo Tribunal Regional do Trabalho juntamente com o governador Riedel e o deputado Roberto Hashioka.
Republicanos: Saltou de 16 para 51 vereadores no estado e elegeu 4 vice-prefeitos. Mérito do deputado Antonio Vaz...
Deputado Geraldo Resende: Sem espaço, sairá do PSDB, mas ainda sem destino certo. Seu projeto é eleger a filha deputada estadual...
Deputada Mara Caseiro (PSDB): Saiu forte das eleições, ocupará o espaço de Geraldo Resende e consolida a candidatura à Câmara Federal...
Deputado Pedro Caravina (PSDB): Tirou Bataguassu do anonimato e elegeu 12 prefeitos e 60 vereadores. Um destaque neste pleito.
Londres Machado (PSDB): Com as derrotas em Fátima do Sul e de sua filha Graziella na capital, pode colocar ponto final em sua carreira política...
Deputado Paulo Duarte (PSB): Motivado com sua vitória em Corumbá, feliz com a receptividade de seus projetos “pró Pantanal” junto ao Governo Estadual...
Deputado Lídio Lopes (Patriota): Conciliou o mandato com apoio a candidatos de vários municípios, reforçando sua base política para 2026. Articulado...
João Catan (PL): Segue firme em suas convicções ideológicas, acredita no crescimento da sigla também no MS...
Lucas de Lima: Presidente da Comissão de Saúde, continuará visitando os hospitais da capital para aferir suas condições e necessidades de recursos oficiais.
Rafael Tavares (PRTB): Primeiro deputado cassado pela Assembleia Legislativa, lavou a alma com 8.128 votos (2º mais votado) para a Câmara da capital...
Deputado José Teixeira: Comemora a vitória de seu candidato Marçal Filho em Dourados.
Deputado Rodolfo Nogueira: Saiu fortalecido com a eleição de sua mulher, Giani, vice-prefeita de Marçal...
Marquinhos Trad: De volta ao cenário político e calçando as sandálias da humildade. Não duvidem dele.
OS MAIORAIS: Relação dos partidos que mais elegeram prefeitos: o PSD, com 878 prefeituras, superou o MDB, que agora elegeu 847. Em seguida, vieram PP (743), União Brasil (578), PL (510), Republicanos (430), PSB (309), PSDB (269), PT (248), PDT (148), Avante (135) e Podemos (122).
VEREADORES: PMB elegeu 8.113, seguido pelo PP (6.953), PSD (6.624), União Brasil (5.490), PL (4.901) e Republicanos (4.649).
UM BAILE: O PT elegeu apenas 3 prefeitos das 645 cidades paulistas. O campeão foi o PSD com 205, seguido por PL (103), Republicanos (84) e outros.
‘TUCANISTÃO’: Às vésperas de sua ‘implosão’, o PSDB mostrou força ao eleger 44 prefeitos, reafirmando sua liderança estadual.
COMPARANDO: Em São Paulo, o bolsonarista Lucas Pavanato foi o candidato a vereador mais votado com 161 mil votos, contrastando com a esquerda desconectada da juventude.
FOCLÓRE: Índio não quer só apito. Candidato visitava aldeia e, após pedidos, veio a cantada por dinheiro vivo. O deputado alegou estar “duro”. Prontamente, um índio mostrou um papel com anotação e disse: “Esse é o meu PIX”.
INTERROGAÇÃO: Como será a montagem do futuro PL no estado para eleger senadores e deputados federais? O ex-governador Azambuja ainda não deu detalhes da futura composição.
Pera lá! A presidência da Assomasul não é passaporte garantido para deputado estadual. É preciso ter algo mais para transformar o cargo em trampolim político.
PONTO FINAL: Eleição não é passeio de iate – nem festa de casamento. É guerra!