O deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) anunciou, em entrevista ao programa Entrelinhas nesta terça-feira (21), sua intenção de propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o uso de recursos públicos destinados ao financiamento de jornalismo sensacionalista que chamou de “consórcio da imprensa”. Ele destacou a atuação da Gazeta do Povo, elogiando-a por manter "onde a gente possa expressar o que está acontecendo", em contraste com práticas que classificou como "fake news". Para Pollon, a imprensa alinhada ao governo tem desempenhado papel central na destruição da imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo a distorção de informações, a desinformação da população e a perseguição política de opositores.
Na justificativa de seu requerimento, obtida com exclusividade pela coluna, o deputado argumenta que a liberdade de imprensa, embora fundamental, não é absoluta e deve respeitar limites éticos. "Denúncias de que recursos públicos estão sendo usados para financiar conteúdos tendenciosos comprometem os pilares democráticos e devem ser investigadas", escreveu. Ele ressaltou ainda que o financiamento de veículos alinhados ao governo pode contribuir para a polarização política.
Pollon afirmou que o ciclo eleitoral de 2022 acentuou a polarização midiática, especialmente contra deputados conservadores. Ele destacou que a cobertura sensacionalista frequentemente amplifica críticas a parlamentares de direita enquanto minimiza suas conquistas. "Essa abordagem prejudica o debate político e promove a desinformação", disse.
No requerimento, o parlamentar levantou suspeitas de que recursos da Secretaria de Comunicação (Secom), durante a gestão de Paulo Pimenta, foram destinados ao Grupo Globo, totalizando quase R$ 300 milhões. Ele argumentou que tal prática pode configurar uso indevido de verbas para influenciar narrativas jornalísticas favoráveis ao governo.
O parlamentar citou ainda exemplos de como a reputação de figuras públicas é minada, destacando a relevância de investigar o uso de verbas públicas para patrocinar narrativas ideológicas. Segundo Pollon, "é preciso expor essas práticas e garantir que o dinheiro público não seja usado como ferramenta de perseguição".
A menção a Trump e os paralelos com o Brasil
Durante a entrevista, Pollon, presente nos Estados Unidos para a posse do presidente Donald Trump, fez uma análise crítica sobre o atual cenário político brasileiro, destacando o impacto da chamada "coligação PT-STF". Segundo ele, o Brasil atravessa um regime que restringe liberdades e compromete a democracia. "Se o [ministro do Supremo Tribunal Federal] Alexandre de Moraes concedesse acesso ao presidente Bolsonaro, reconheceria nacional e internacionalmente sua relevância como líder político", apontou Pollon, acrescentando que a negativa de participação resultou em uma repercussão internacional que evidenciou o “regime de exceção” no Brasil. Ele enfatizou ainda o alinhamento do ex-presidente Jair Bolsonaro com lideranças do mundo livre e criticou a proximidade de Lula com regimes autoritários, como reflexo da disputa ideológica entre direita e esquerda no cenário global.
Pollon também destacou o papel de episódios recentes, como a questão do Pix e o vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que expressou a insatisfação popular em torno da desconfiança no governo Lula. Ele traçou um paralelo com os protestos dos "20 centavos" e afirmou que a proposta de tributar movimentações financeiras poderia se tornar o estopim de uma mobilização maior contra o governo. Para o parlamentar, o impeachment de Lula é uma solução urgente para impedir danos econômicos e sociais ao país. "Enquanto ele sangra, é o Brasil que morre", alertou, defendendo que o atual cenário exige a construção de um processo de impeachment urgente e criticando a estratégia de aguardar as eleições de 2026 para enfrentar Lula nas urnas.