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Nunes Marques exige explicações do governo sobre endurecimento de regras do BPC

Redação
Por: Redação Fonte: Gazeta do Povo
12/03/2025 às 08h14
Nunes Marques exige explicações do governo sobre endurecimento de regras do BPC
Endurecimento das regras para concessão, como exigência de cadastro biométrico, entrou na mira de entidade. (Foto: Nelson Jr./STF)

O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), exigiu do governo nesta terça (11) explicações sobre o endurecimento das regras para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Uma nova norma exige que o beneficiário tenha um documento com cadastro biométrico no CadÚnico para manter os pagamentos.

Nunes Marques é relator de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ajuizada pela Associação Brasileira de Advogados (ABA) que pede a inconstitucionalidade da lei aprovada no ano passado. A entidade alega, entre outros pontos, que o governo desconsiderou a realidade estrutural do país como, por exemplo, as dificuldades de locomoção e acesso à tecnologia de beneficiários.

“Argumenta que a exigência de cadastro biométrico obrigatório como condição para a concessão e renovação do BPC desconsidera a realidade estrutural de diversas regiões do país, nas quais inexiste infraestrutura básica, ensejando a exclusão de beneficiários que enfrentam dificuldades de locomoção, de acesso à tecnologia ou de compreensão da burocracia”, escreveu na decisão corroborando as alegações da ABA.

Na mesma decisão que exige as explicações, o ministro aponta ainda a possibilidade de suspensão automática do benefício por falta do cadastro “sem notificação prévia ou possibilidade de justificativa”.

“Aduz inobservados os princípios do contraditório e da ampla defesa. Afirma ser a medida desproporcional, por afetar diretamente a subsistência de indivíduos vulneráveis, em contrariedade ao papel do Estado como garantidor dos direitos fundamentais”, pontuou.

Isso porque os programas que utilizam o CadÚnico só poderão conceder os pagamentos a pessoas que atualizarem os cadastros a menos de 24 meses. A lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no final do ano passado como parte do pacote de ajuste fiscal apresentado pelo governo.

A proposta inicial previa regras ainda mais rígidas, mas foi flexibilizada durante a tramitação no Congresso.

“Tendo em vista a relevância e a repercussão social da matéria, cumpre providenciar a manifestação das autoridades envolvidas, com vistas ao julgamento definitivo”, completou o magistrado pedindo informações da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os órgãos ainda não se pronunciaram sobre a decisão.

Durante a votação no Senado, houve acordo para vetar um trecho que excluía as deficiências leves dos critérios de elegibilidade ao BPC. “Palavra cumprida. Presidente Lula vetou a parte do texto que retirava direitos de quem tem deficiências leves do BPC. Essa vitória é decisiva na defesa daqueles que mais precisam”, disse o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) na época.

Na justificativa do veto, o governo alegou que a medida poderia gerar insegurança jurídica na concessão do benefício. Em 2023, o programa atendeu 5,7 milhões de pessoas, sendo 3,12 milhões de idosos e 2,58 milhões de pessoas com deficiência.

 

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