Temendo a nova política tarifária que está sendo conduzida pelo governo do presidente Donald Trump, a gigante americana Apple despachou, em apenas três dias na última semana de março, cinco aviões carregados com iPhones e outros produtos que foram fabricados na China e na Índia para os Estados Unidos, informou a mídia local nesta terça-feira (7).

Tanto Índia quanto a China foram alvos de tarifas acima da base de 10% que foram anunciadas por Trump na semana passada. Os indianos foram taxados em 27%, enquanto a China será alvo de mais de 100%, conforme anunciou nesta terça a Casa Branca, que não viu com bons olhos a retaliação feita por Pequim.

Segundo a mídia indiana, a “operação de emergência” conduzida pela Apple nas últimas semanas de março foi montada para evitar o impacto imediato das medidas de Trump em sua produção que já estava em estoque. De acordo com uma fonte ouvida pelo jornal indianoTimes of India, "as fábricas já haviam estocado inventário antecipando as tarifas mais altas" de Trump. A estratégia deve permitir que a Apple garanta uma estabilidade temporária nos preços repassados ao consumidor em solo americano.

O transporte por via aérea — normalmente evitado por causa dos custos — foi intensificado para garantir a chegada rápida dos produtos ao território americano. Essa solução logística, ainda que cara, foi considerada necessária pela Apple diante da urgência em evitar os impactos da nova tarifa.

A Casa Branca tem reforçado sua meta de trazer de volta ao território americano a produção de alta tecnologia, hoje concentrada em diversos países asiáticos. No domingo (6), o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou em entrevista à emissora CBS que “o exército de milhões e milhões de seres humanos apertando pequenos parafusos para montar iPhones... esse tipo de coisa vai voltar para a América”.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou que o presidente Trump “absolutamente” acredita que produtos como os iPhones, da Apple, podem ser fabricados em solo americano.

“Ele acredita que temos a mão de obra, temos a força de trabalho, temos os recursos para isso”, disse Leavitt, destacando os investimentos que a Apple já têm feito no país. A empresa anunciou em fevereiro que pretende investir US$ 500 bilhões em expansão de instalações nos EUA nos próximos quatro anos.