A bancada do PDT na Câmara é composta por 17 deputados. Decidiu, por unanimidade, segundo o líder da legenda, que o partido não fará mais parte da base do governo. Deixa a base após o seu presidente honorário, Carlos Lupi, ter pedido demissão — ou ter sido demitido — do ministério. Lula insiste. Ele já havia feito algo semelhante em seu outro governo pelo PT.
Era esse o desejo óbvio de quem elegeu Lula presidente. Não poderia ser diferente. Seria contrariar a natureza, não é? Lula foi condenado, depois descondenado. Houve grandes escândalos nas estatais. Já havia escândalos no contracheque, nos descontos em folha dos aposentados. Claro que tudo se repetiria. É óbvio. Faz parte da natureza. E então aconteceu de novo.
Está confirmado que Lula tirou a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e nomeou outra ministra que já havia trabalhado em governos petistas. Mas isso faz pouca diferença. Hoje, quase ninguém se lembra dos nomes dos ministros. Lembramos mais os nomes dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal do que os da seleção brasileira — ou, talvez, do time de futebol preferido de cada um. Os onze do Supremo viraram figuras públicas, como disse o ministro Alexandre de Moraes: “parecem estar na Revista Caras”. Dão entrevistas, fazem declarações, riem durante os julgamentos.
Processo eleitoral: dúvidas antigas, métodos intocáveis
Enfim, é o novo Supremo. O ministro Gilmar Mendes, por exemplo, já antecipou o voto dele para condenar o general Braga Netto, que está preso. Ele foi à Espanha, participou de um evento e declarou que Braga Netto, quando era ministro, solicitava informações ao Tribunal Superior Eleitoral com a justificativa de entender a apuração, mas que, na verdade, estaria preparando uma espécie de dossiê para contestar o resultado das eleições.
Só que, como já mencionei, contestar o resultado das eleições não é crime. Se fosse, Brizola, Roberto Requião e o próprio Lula já teriam sido condenados. Mas, se quem contesta é Bolsonaro, então ele fica inelegível. Foi o que aconteceu: ele chamou embaixadores para expor suas preocupações com o processo eleitoral — que, aliás, permanece o mesmo.
Teremos eleições no ano que vem para presidente da República, governadores, deputados estaduais e federais, e senadores. E o método de apuração continua igual. Você sabe como o seu voto é apurado? Eu, sinceramente, não tenho a menor ideia. O PSDB tentou auditar o sistema, passou meses tentando e não conseguiu. Declarou que o processo não era auditável.
Por isso mesmo, esse sistema foi banido na Alemanha pela Justiça, sob a alegação de que o eleitor precisa compreender como o voto é contado.
Lula em Moscou, e os heróis brasileiros esquecidos
Enquanto isso, o presidente Lula está desembarcando em Moscou para comemorar a vitória do exército soviético sobre os alemães. Lá, a data é celebrada no dia 9 de maio, por causa do fuso horário. No restante do Ocidente, é comemorada no dia 8. O que muitos questionam é: por que Lula não celebra a vitória dos brasileiros na manhã do dia 8 e, depois, embarca para Moscou, caso queira festejar com os soviéticos?
Nós também vencemos a guerra. Fomos importantes no esforço de guerra. Na produção da borracha, milhares de nordestinos morreram. Nos navios afundados, morreram milhares de brasileiros. E quase meio milhar de soldados brasileiros perderam a vida na luta na Itália, entre os combatentes do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira.
Temos, sim, o que lembrar, o que celebrar — e o que chorar.
No Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, estão sepultados 478 soldados brasileiros. Há ainda um túmulo no Cemitério de Pistoia, na Itália. Mas, até onde se sabe, nem Lula nem Dilma — em seus governos pelo PT — estiveram lá para prestar homenagem. E foi graças a esses militares, que combateram o nazifascismo, que, ao voltarem ao Brasil, encontraram uma ditadura e derrubaram o ditador Getúlio Vargas.