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Crise fiscal pode virar política se governo não mudar rumo, diz pesquisador da FGV

Redação
Por: Redação Fonte: Gazeta do Povo
14/05/2025 às 09h34
Crise fiscal pode virar política se governo não mudar rumo, diz pesquisador da FGV
Desde que Lula chegou ao poder em 2023, situação fiscal brasileira piorou muito (Foto: André Borges/EFE)

O economista Fabio Giambiagi, pesquisador associado da Fundação Getulio Vargas (FGV), disse à Bloomberg Linea que o caminho preocupante da política econômica do governo Lula pode culminar em uma crise política nos próximos anos. Seria algo semelhante à de 2015 durante o governo Dilma Rousseff. Ele aponta que há um risco é muito sério da crise fiscal se amplificar.

Quem assumir a presidência em 2027, seja Lula ou alguém da oposição. enfrentará um cenário desafiador: contas públicas desequilibradas e dívida em trajetória ascendente. Se Lula for reeleito em 2026, terá que lidar com o próprio legado fiscal.

Desde o início do atual governo, em 2023, o endividamento público, medido pela dívida bruta do governo geral (DBGG), aumentou de 71,4% para 75,9% do PIB. Nos primeiros 27 meses de mandato, o governo registrou déficit primário em 22 deles.

Mantido o atual cenário, o mercado financeiro projeta que o endividamento público alcançará 94% do PIB em 2034, segundo levantamento do Banco Central junto a instituições financeiras.

Crise fiscal é "irresponsabilidade compartilhada" dos três poderes

Giambiagi caracteriza o problema fiscal como uma "irresponsabilidade compartilhada", não limitada apenas ao Executivo. Ele distribui críticas ao governo do PT, mas também aponta corresponsabilidade do Congresso e do Judiciário, que frequentemente tomam decisões sem a devida preocupação fiscal.

Segundo ele, a ausência de liderança e a necessidade de uma clara mudança de rumo dificultam qualquer otimismo quanto às políticas econômicas para o período 2026-2030.

A principal preocupação do economista está no crescimento acelerado dos gastos obrigatórios, que têm superado o limite estabelecido pelo arcabouço fiscal. Estas despesas - que incluem Previdência, saúde e educação - reduzem progressivamente o espaço para gastos discricionários, como investimentos em infraestrutura e manutenção da máquina pública. "A dinâmica atual de crescimento dessas despesas é insustentável sem reformas", avalia Giambiagi.

O pesquisador afirma, com "100% de certeza", que o arcabouço fiscal precisará ser revisado até 2027. Um fator que reforça essa necessidade é a volta da contabilização integral dos precatórios (dívidas judiciais da União) na meta fiscal a partir daquele ano, devido ao fim de um prazo definido pelo STF.

A forma como essa revisão e o desafio dos precatórios serão gerenciados determinará se a percepção de risco fiscal no país melhorará ou piorará. Para evitar um "apagão" governamental, as saídas apontadas por ele incluem, inevitavelmente:

  • Revisão das regras para despesas com saúde e educação, que hoje crescem automaticamente com a arrecadação
  • Reavaliação da política de reajuste do salário-mínimo e sua vinculação a aposentadorias e benefícios

O economista ressalta que uma taxa de juros real de longo prazo de 8% ao ano não é normal e, se esse é o preço da atual política fiscal, então essa política precisa ser questionada.

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