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Escândalo do INSS - Petistas teriam assinado emendas da Contag para alterar MP de Bolsonaro contra fraudes no INSS

Redação
Por: Redação Fonte: Gazeta do Povo
18/06/2025 às 08h27
Escândalo do INSS - Petistas teriam assinado emendas da Contag para alterar MP de Bolsonaro contra fraudes no INSS
Parlamentares da esquerda apresentaram emendas redigidas por entidade alvo da PF para alterar MP de Bolsanaro contra fraudes no INSS. (Foto: Ana Gabriella Amorim/Arquivo/Gazeta do Povo)

Deputados e senadores, principalmente de partidos de esquerda, teriam apresentado emendas redigidas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), alvo da Polícia Federal por descontos irregulares no INSS, para alterar a medida provisória 871/2019, apresentada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para coibir fraudes em aposentadorias e pensões.

Entre os dispositivos aprovados, a MP determinava que as permissões para os descontos automáticos na conta dos aposentados teriam de ser revalidadas todo ano a partir de 2020, pelos próprios beneficiários.

A coluna do jornalista Tácio Lorran, do portal Metrópoles, analisou os metadados de 578 emendas e descobriu que 96 delas têm o nome da Contag ou da advogada da confederação como verdadeiros autores das propostas, apesar das assinaturas de 15 deputados e senadores.

Entre os pleitos defendidos pela entidade estava justamente a derrubada da revalidação anual dos descontos associativos. Durante a análise da MP, o Congresso decidiu que a as permissões de descontos deveriam ser revistas a cada três anos. Passado esse prazo, em 2022, outra MP revogou definitivamente qualquer revalidação.

A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) investigam um esquema que pode ter desviado R$ 6,3 bilhões em descontos associativos não autorizados em benefícios, entre 2019 e 2024. A Contag recebeu cerca de R$ 2 bilhões em descontos associativos neste período.

As propostas sustentavam que a imposição da revalidação seria “praticamente inviável”. Parlamentares do PT, Psol, PCdoB, PL, MDB e PSD assinaram as proposições. Os petistas defenderam que agiram em nome da bancada contra uma MP que, segundo eles, criaria “dificuldades para beneficiários” e retiraria direitos, não para favorecer fraudes.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), informou ao Metrópoles que se opôs à MP 871/2019 e que tratava-se de uma iniciativa da bancada do PT. Na mesma linha, o senador e atual presidente do partido, Humberto Costa (PT-PE), assinou como autor três emendas da Contag e argumentou que agiu como líder da bancada na época.

O ex-senador e ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates (PT-RN) assinou 11 proposições redigidas pela Contag. Prates também disse ao portal que as emendas faziam parte de um bloco apresentado pela bancada do PT para evitar a retirada de benefícios e garantir a atuação de “sindicatos honestos”. O ex-senador Paulo Rocha (PT-PA) também teria assinado propostas da entidade para alterar a MP.

O deputado federal Zé Neto (PT-BA) assinou 11 propostas de mudança da Contag para a MP. Ele declarou que o objetivo era proteger os sindicatos e associações de trabalhadores rurais e que seus textos não tinham relação com fraudes.

Na Câmara, também assinaram proposições da Contag: Patrus Ananias (PT-MG), Valmir Assunção (PT-BA), Marcon (PT-RS), Rubens Pereira Júnior (PT-MA), Otto Alencar Filho (PSD-BA), Daniel Almeida (PCdoB-BA), Tereza Nelma (PSD-AL) e Celso Maldaner (MDB-SC).

O deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA) negou relação com a Contag e não soube explicar a origem da emenda. Já a deputada federal Jandira Feghali (Psol-RJ), autora de 3 textos redigidos pela Contag, informou que seu gabinete analisa demandas recebidas e as atende se estiverem de acordo com o avanço da legislação e dos direitos dos trabalhadores.

A Contag, por sua vez, "repudia generalizações" e afirma que a MP 871/2019 visava suspender benefícios, justificando sua atuação para garantir direitos da categoria.

“Com mais de 60 anos de história e respeitada entre os parlamentares, a Contag repudia qualquer tentativa de generalização que coloque organizações sérias no mesmo patamar que estruturas criadas para fraudar o sistema previdenciário. O movimento sindical rural coordenado pela Contag é legítimo e seguirá na luta pelos interesses da categoria”, disse a entidade ao Metrópoles.

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